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Um irmão

Fugidos pela crise econômica de 1960, uruguaios ficam moradia em Pelotas

Jô Folha -

Imigração constante, os uruguaios vêm principalmente após o início da ditadura no país, na década de 1970

O uruguaio é outro povo que constantemente busca Pelotas como lar, pela proximidade física e até mesmo ideológica. O primeiro processo, já descrito em linhas anteriores, ocorre logo antes da formação de Pelotas, com casais oriundos do país vizinho que aqui se fixam com o objetivo de fugir do conflito por terras entre Portugal e Espanha. Alguns anos depois, com a cidade vivendo a escravatura, o processo se inverte: negros fugindo da condição de escravos rumam ao Uruguai em busca de paz e trabalho. O fluxo de cá para lá segue na primeira metade do século 20, período em que a República Oriental vivia dias de estabilidade econômica e social.

A partir de 1960 o vento vira novamente. Por conta de grave crise econômica que invariavelmente atinge o Uruguai, quase um terço da população deixa o país e Pelotas é um ponto geograficamente próximo para refúgio em busca de melhores condições financeiras - também de sossego, por conta da ditadura militar que em 1973 se inicia.

Com 33 anos e três filhos - de dois, cinco e oito anos -, Alma Gonella e Juan Manuel Berasain vieram em 1978. “O Uruguai era um país livre, que recebia bem todos os pensamentos. Nesse período isso deixou de acontecer”, comenta ele, destacando dificuldades de adaptação no início - no país natal, por exemplo, a maioria da educação era pública, gratuita, laica e de qualidade. “É um corte na vida, um rompimento na história”, finaliza ela.

Donos à época do restaurante El Paisano, a família é responsável por implementar um novo hábito alimentar dos pelotenses: as parrilladas, que apresentaram à cidade novos cortes de carne como a molleja - glândula próxima ao coração -, o asado de tira - costela cortada horizontalmente - e o chinchulin - intestino fino.

A conterraneidade na região do pampa faz com que o Uruguai influencie Pelotas também no âmbito cultural. Na música, Vitor Ramil é um dos artistas cuja produção, melodia e letra, se posiciona na fronteira entre o Rio Grande do Sul e a República Oriental. Na literatura, não pode ser esquecido o nome de Aldyr Garcia Schlee, cujos livros alguns foram lançados primeiro no Uruguai. Juan e Alma foram responsáveis, em 2014, pela instalação de um setor de literatura uruguaia na Bibliotheca Pública Pelotense.

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